Para os orientais circulação é vida e um corpo que não tem uma circulação saudável é como um rio que estagna, cria resíduos e acumulações menos saudáveis.
Nos três exercícios anteriores estudámos como mover as articulações principais do corpo. Nesta lição vamos estudar um dos movimentos clássicos do Chi Kung que move a circulação do Chi e do Sangue.
Mas existe pelo menos mais um tipo de circulação de grande importância onde este exercício actua.
A circulação do Sangue tem uma bomba – o coração – que tem a função de bombear o Sangue por todo o corpo chegando aos pontos mais remotos do nosso corpo.
E depois existe a circulação linfática.
Esta circulação tem a característica de não ter uma bomba que a faça mover. A circulação linfática é essencial para remover toxinas do corpo humano.
Mas não tendo uma bomba que a ativa está dependente do movimento do corpo para que ela aconteça.
Ou seja, se não nos movemos a circulação linfática não acontece e as toxinas vão acumulando por não existir um sistema de limpeza que as remova.
É aqui que entra o exercício que hoje é sugerido – Balançar os braços em frente ao corpo.
O Mestre Lam Kam Chuen – um dos professores com quem estudei – afirmava que mesmo que só se realizasse este exercício, todos os dias, era já por si só uma prática que prevenia muitos dos desequilíbrios que poderiam degenerar especialmente em doenças articulares, respiratórias e circulatórias.
Assim fica a proposta de hoje
Balançar os braços em frente ao corpo
Sugestões de prática
- Pratique este movimento depois de períodos de imobilidade, é um excelente movimento quando está a conduzir durante várias horas seguidas ou está a viajar de autocarro ou comboio.
- Se tem as mãos e os pés frios este movimento deve ser praticado todos os dias – de preferência de manhã e quando chega a casa ao final do dia.
- É um dos movimentos que ajuda a relaxar os ombros de movimentos repetitivos ou imobilidade prolongada.
- Praticar em situações em que a mente está “bloqueada”, quando as ideias não fluem de forma criativa ou existe um pensamento que não encontra saída.
Até amanhã.
Material Adicional
Artigo: Qual o perfil do aluno de Chi Kung?
“Só quando realizamos algo de forma apaixonada temos a persistência necessária para enfrentar as dificuldades” – Steve Jobs
Ensino Chi Kung desde 1998 e durante este período de tempo já muitos alunos tomaram contacto com esta arte.
Ás vezes em aulas, outras em seminários ou demonstrações, outras por breves momentos em consultas quando lhes prescrevo um exercício para uma condição específica.
No entanto, a pergunta que faço a mim mesmo é o que faz alguém depois de uma primeira aula de Chi Kung voltar a segunda vez?
E depois, o que a faz ficar?
Qual é afinal o perfil do praticante de Chi Kung?
O que faz um aluno dedicar 10 anos da sua vida a esta prática enquanto para outros a experiência breve de uma aula é suficiente?
Existem cinco factores que encontro em todos os alunos que estudam comigo há pelo menos um ano.
Em alguns consigo observar apenas um em outros todos os cinco.
- Praticam por motivos de saúde. Iniciaram a prática do Chi Kung porque tinham qualquer questão crónica e encontram nesta prática uma forma de compreenderem e regularem melhor os factores que lhes provocam desconforto. Essas questões variam desde sistema imune, dores articulares, ansiedades, questões com o sono e sintomas que não têm classificação mas incomodam. Não importa se existem questões mais desafiantes que outras, mas sim na vontade de cada um decidir fazer algo para modificar esta situação e comprometer-se consigo mesmo nesse sentido.
- São alunos curiosos. Para além das aulas procuram informação e perguntam sobre a prática. Essa é uma forma de criar estímulo para o seu treino Na minha experiência pessoal de viver a mais de 2000 km do meu professor, nestas condições a curiosidade de procurar mais e investigar é para mim essencial para manter a prática viva. Tal como na vida, um dos factores de longevidade está associado a esta curiosidade de questionar e de querer saber mais.
- Não têm medo de errar. Criar autonomia na prática requer aprender a viver com o erro. Acordar 30 minutos mais cedo de manhã para treinar, quando ainda está escuro sem ter muito bem a noção se os exercícios que foram ontem aprendidos na aula estão correctos necessita de muita coragem. De alguma forma esses alunos sabem que praticar nestas condições levanta dúvidas, mas acreditam que pelo investimento nessa dúvida encontram a forma mais adequada da realizar o exercício. Esta característica mede também a capacidade que cada um tem de saltar para o desconhecido e de abraçar a incerteza no próximo passo.
- Mentalidade de criança. A mentalidade de criança está focada no processo, no agora, em vez de estar focada no objectivo, na finalização. Uma criança é capaz de brincar semanas ou meses a fio com o mesmo brinquedo. Cria novas histórias, novas situações que lhe permite usufruir do momento. Com o Chi Kung não é a quantidade de exercícios que é importante saber, é a forma como os exploramos e criamos ligações que nos permitem encontrar a novidade em cada prática.
- Sabem utilizar o tempo. Saber utilizar o tempo requer praticar em situações menos comuns. Ou tornar uma situação menos comum numa situação de prática. Saber utilizar o tempo permite treinar de forma informal em períodos de espera. Quer seja sentados, de pé ou mesmo deitados. Requer tomar decisões entre mais 15 minutos em redes sociais ou de navegação e cliques dispersos a 15 minutos de treino efectivo. E isso é um indicador da importância que cada um dá a si mesmo.
Estou certo que outros professores apontarão outros factores que consideram importantes segundo as suas experiências e se os existe gostaria que partilhassem.
Deixo dois testemunhos de duas alunas que realizaram o Curso de Chi Kung Terapêutico as suas motivações e conquistas durante este percurso.
Eu sou a Cláudia Anastácio e sou Administrativa. Resolvi inscrever-me no curso de Chi kung essencialmente pela curiosidade que sempre tive por esta disciplina e pelas terapias/medicinas chinesas, pelo programa do curso que me cativou e que me pareceu ser exactamente aquilo de que precisava para me ajudar a ter uma forma mais saudável e equilibrada de estar na vida e também para conhecer outras pessoas com os mesmos interesses.
Com a prática quase diária do Chi Kung adquiri uma nova consciência sobre o que é a energia Chi, como identificá-la, alinhá-la e fortalecê-la, conseguindo, assim, uma vitalidade diferente no meu dia a dia.
Senti-me mais tranquila e com maior capacidade de gerir os desafios do trabalho e de impedir que os mesmos me agredissem tanto. Descobri ferramentas que rapidamente nos fazem retornar ao nosso centro, que nos aproximam da nossa essência e da natureza. Com o Chi Kung senti o quão importante é simplificar e a diferença que faz quando descomplico as coisas, “esvazio” a minha cabeça de pensamentos, me centro no presente e vivo com maior liberdade e disponibilidade aceitando que tudo é inconstante e que todos os desafios reflectem uma oportunidade.
Saber mais sobre o Curso de Chi Kung Terapêutico
Olá, chamo-me Paula. Profissionalmente, sou advogada e Diretora do Contencioso duma Multinacional. A família constitui o centro e prioridade da minha vida pessoal.
Tive o primeiro contacto com o Chi Kung em 2012, ano em que comecei a frequentar as aulas semanais com o Lourenço, no Instituto Macrobiótico, e apesar de nessa altura ter desistido, achei que seria uma atividade interessante para mim – stressada, ansiosa, agressiva q.b..
Em Junho de 2015 recebi um email com o pré-anúncio do Curso Anual de Chi Kung Terapêutico. Li, reli, voltei a ler, e decidi inscrever-me. Ao mesmo tempo, tomei a decisão de voltar às aulas semanais de Chi Kung, com o Lourenço, no IMP.
E, assim, em Outubro de 2015 iniciei o curso anual e as aulas semanais, numa viagem que terminou nove meses depois, em Junho de 2016.
Comecei com a expectativa de, senão curar, pelo menos atenuar problemas musco-esqueléticos antigos e crónicos que me causam dores e desconfortos vários e, vinda da Macrobiótica, de ver como o Chi Kung se articula e integra com esta.
O curso anual está bem estruturado e transmite-nos conhecimentos preciosos, onde teoria e prática se complementam de forma equilibrada, equilíbrio este que seria reforçado mediante prática individual regular e consistente (aqui, como em muitos aspetos das nossas vidas, a prática constrói o hábito e instala a rotina). Neste aspeto particular beneficiei muito das aulas semanais, já que nem sempre consegui ser consistente na minha prática individual.
Cheguei ao fim deste ano com mais conhecimentos sobre o meu corpo e conseguindo associar aquilo por que passava – cansaço, insónia, dores – a determinados padrões de comportamento físico ou emocional. O principal ganho, do qual não estava à espera, foi ter vencido a insónia crónica de que sofria nos últimos dois anos. Em paralelo, consegui baixar os níveis de adrenalina e stress. A prática regular ajuda-me a “libertar a mente” mas também em coisas muito concretas como “arrefecer o corpo”.
Baseada na minha experiência, recomendo este curso a quem tiver mente aberta e flexível e quiser fazer uma abordagem não tradicional ao stress e problemas musco-esqueléticos – os quais estão, no meu caso, umbilicalmente relacionados…. Mas não consigo deixar de recordar o testemunho (muito) emocionado duma colega que falou dos seus problemas respiratórios de mais de trinta anos, que conseguiu ultrapassar com as primeiras práticas de Chi Kung.
E recomendo as aulas semanais a todos aqueles que forem de Lisboa e puderem frequentá-las.
No próximo ano irei frequentar o Curso de Instrutores pois quero ampliar as ferramentas e os conhecimentos que me permitirão lidar melhor comigo mesma e com aquilo que me acontece.