Este é um artigo que foi recuperado do ano de 2015. Embora quem o ilustra tenha já partido para a Grande Viagem, fica a mensagem/homenagem que me levou a que este artigo não ficasse no esquecimento.
“Desde os 14 anos, que todas as noites peço a Deus que me leve. Depois, no outro dia de manhã, quando acordo e reparo que ainda estou viva, digo para os meus botões – então Mariazinha, ainda cá estás?”
Esta afirmação, foi feita por uma senhora que neste momento tem 96 anos e uma vitalidade invejável.
Os seus temas de conversa não passam pelas doenças ou pelas “coisas da idade”, mas pela sua curiosidade em relação à vida e um aceitação de tudo aquilo que a esta tem para lhe oferecer.
Esta pode ser uma visão complementar, com a teoria do querer é poder. E lembro-me enquanto escrevo estas linhas do filme “A teoria de tudo”, que conta a vida de Stephen Hawking.
No Taoísmo existe uma expressão – Wuwei (無爲), a sua tradução pode ser “a não acção”.
É uma visão da vida sem esforço, alinhada com a natureza, com as estações do ano e não com a vontade humana de controlar ou manipular, mas sim de fluir e abraçar o que a vida tem para nos oferecer.
“Se pedir que Deus me leve todos os dias”, revela um desapego quase irracional em relação à vida, é também esse desapego que lhe confere liberdade. É também esse desapego, que lhe permite todos os dias de manhã celebrar a vida e começar de novo.
Espero, sinceramente, que a Mariazinha esta manhã tenha voltado a falar com os seus botões.
Boas práticas.
Muito bom para refletir… obrigada.
Obrigado Susana.
Sem palavras…É uma lição de Vida
Obrigada Lourenço
A insustentável leveza do ser de uma mulher que toda as noites queria morrer, mas que viveu feliz até aos 98 anos. Ela e os outros à sua volta.
Dava um livro. 😉