Um dos temas centrais do trabalho que desenvolvemos no Espaço Regenerar é o efeito que a mudança consciente pode ter sobre nós.
É frequente o conceito de mudança estar associado à aquisição de algo exterior – na nossa experiência temos descoberto que nem sempre é preciso ir tão longe.
Quando desejamos evitar que em nós a mudança a um nível mais profundo aconteça, tendencialmente é gerado um constante movimento de novidade.
Aparentemente um carro novo, uma viagem, uma casa nova, saldos, promoções ou um novo gadget criam esta perspetiva de mudança. Mas até que ponto essa mudança mudou quem adquiriu?
As mudanças mais profundas são em ambientes em que não existe muita variedade externa e ai a mudança tem mesmo de vir de dentro, a criatividade, a revolução surgem de movimentos de bloqueio, de dificuldades, de desafios e mesmo de tédio profundo.
Aqui a mudança passa por cessar o movimento externo de distrações e comprometer-se em ser como a água – que ultrapassa todos os desafios pela sua flexibilidade e fluidez.
Melhor que uma solução que possa criar uma transformação individual ou coletiva, está a criação de espaço e tempo para realizar uma pergunta a si mesmo/a:
Até que ponto estou disponível para me envolver neste processo?
Até que ponto é que individualmente ou coletivamente existe vontade de me envolver e responsabilizar por aquilo que me aflige? – pela transformação que desejo criar?
Ao colocar esta pergunta autoriza-se.
Pode ser uma doença, pode ser um conflito entre duas pessoas, pode ser uma crise nacional ou mundial, pode ser em criar um movimento diferente na su vida num sentido mais consciente.
Autoriza-se e toma consciência da facilidade que é deixar que cuidem de si, que lhe forneçam tudo aquilo que precisa sem qualquer responsabilidade sua.
- Alimentação,
Saúde,
Viagens,
Educação,
Prazer,
Podem hoje ser comprados.
Ao escolher adquirir e delegar estes elementos escolhe também afastar-se do que é importante para a sua identidade individual – para a sua busca pessoal.
Esta escolha permite também responsabilizar alguém quando o processo falha – Pode ser o país, o presidente, o vizinho, a pessoa mais próxima, os progenitores, a vida anterior… talvez por isso seja tão confortável.
Uma escolha consciente de vida, um salto no vazio guiado pelo seu instinto não tem garantia de dois anos nem reembolso nos 15 dias após tomada a decisão.
Na aprendizagem de uma arte oriental tradicional o professor “nunca” responde a uma questão que se inicia com a palavra “Porquê” a pergunta deve ser feita iniciada com a palavra “Como”.
A primeira forma de pergunta – Porquê? – não apresenta qualquer envolvimento na resolução, o “Como” já implica que quer participar nessa resolução.
Do “Porquê” surgem mais e mais questões e cada vez mais mentais e retóricas – e cada vez menos responsabilidade também. Do “Como” surge um movimento que demonstra vontade de passar pela experiência e de ganhar uma mestria sobre os processos que deseja assumir e reconquistar de novo para si.
Fica o aqui convite para deixar de perguntar Porquê… “porquê que isto me acontece?”, “porquê logo a mim?”. E mudar a pergunta para “Como posso fazer para lidar com a mudança?”, “Como posso saber mais para melhorar a minha situação laboral/saúde/qualidade de vida/relacionamentos?”, “Como posso criar mais possibilidades na minha vida?” e depois da pergunta realizada fica a faltar um ingrediente final – não ter medo de errar nessa busca.
Como____________________________________________? (preencha o espaço vazio)
Boas práticas