No final do ano de 1973 arqueólogos chineses escavaram perto de Changsha na província de Huanan três túmulos. De acordo com a data inscrita em um dos manuscritos encontrados foi possível determinar a sua antiguidade como sendo de 168 a.C. Este achado arqueológico representa até à data o maior número de manuscritos em seda encontrados até hoje e que transmitem aspetos valiosos sobre a cultura Chinesa desta época. Reúnem temas sobre a arte da guerra, astronomia e medicina. É nestes textos médicos que aparece pela primeira vez a referência às “práticas macrobióticas” que incluem exercícios terapêuticos, alimentação, receitas específicas utilizando alimentos, plantas, exercícios terapêuticos para determinado tipo de patologias, práticas de cultivo da energia sexual e hábitos de saúde e longevidade.
Neste contexto tradicional a Macrobiótica pode ser definida como uma prática que engloba uma séria de disciplinas que permitem viver de acordo com os ciclos das estações ou numa perspetiva mais vasta com a ordem do universo. É por isso observada como uma prática precursora do naturalismo, com conceitos terapêuticos que poderiam utilizados quer pelo cidadão comum ou pelo médico mais experiente.
A vitalidade é cultivada pela observação da natureza e pelo alinhamento do Homem com a mesma. Hoje passados mais de 2000 anos esta busca continua atual e quem acede à informação contida nas práticas macrobióticas procura uma maior consciência e respeito não só por si mas também pelos outros seres e meio ambiente.
Seguindo estes princípios são utilizados alimentos sazonais, sempre que possível cultivados localmente segundo os princípios da agricultura sustentável. Na falta de alimentos locais é dada a preferência a alimentos provenientes da mesma latitude – pois partilham característica semelhantes ao nível do clima e sazonalidade.
Juntamente com a alimentação são praticados exercícios terapêuticos que fornecem os recursos suficientes para que exista a introdução de uma dinâmica de movimento em todos os sistemas do corpo humano.
Se no dia a dia uma alimentação consciente, contacto com a natureza e movimento de acordo com as suas necessidades individuais pode ser o suficiente, em situações em que o organismo se encontre debilitado pode ser necessária a utilização de alimentos ou bebidas específicas para ativar a capacidades de recuperação do mesmo. Quando isto acontece, a farmácia está com frequência na despensa ou na cozinha. Alimentos que utiliza no seu dia a dia são cozinhados em quantidades específicas, utilizando métodos culinários adequados e consumidos durante um determinado período de tempo. Os movimentos terapêuticos como o Chi Kung adquirem uma dimensão de apoio ao processo de recuperação até o alinhamento ser reconquistado.
Foi no final dos anos 40 que no oriente e ocidente George Ohsawa tornou-se o principal responsável pela recuperação desta arte, relacionando-a diretamente com a capacidade de nos alinharmos com o nosso propósito de vida – de realizarmos o nosso Sonho.
A capacidade de alinhar as nossas atividades com os ciclos do universo utilizando a alimentação, prática de exercícios terapêuticos, regulação de hábitos de vida e contemplação torna-se o motor que alimenta esta possibilidade.
Mais vitalidade, mais discernimento permitem assim realizar escolhas mais conscientes que alimentam o que deseja construir para si.
Tal como uma arte, este tipo de prática vai sendo refinada à medida que o tempo passa e transforma-se num caminho de regeneração e descoberta pessoal.
Já não é apenas a alimentação, o exercícios ou a teoria, mas sim a multitude de recursos que estes aspetos, quando combinados, têm para lhe oferecer, alinhados com o maior aliado que alguma vez poderá ter: a natureza.
Boas práticas